Padre Luís Aparício, Rua

Luís Martins Aparício (n. 1915; m. 1971). Pároco da Igreja do Sagrado Coração de Jesus
Dedicou-se totalmente ao desenvolvimento da sua paróquia e consequente melhoramento da sua freguesia, na altura, do Sagrado Coração de Jesus, hoje integrada na Freguesia de Santo António. Foi editor da publicação A Nossa Igreja da mesma paróquia.
Embora não haja praticamente informação sobre este pároco, uma das suas mais destacadas iniciativas foi a criação de um movimento composto por paroquianos em 1955, com o intuito de promover a construção de uma nova igreja e de um centro paroquial para o Sagrado Coração de Jesus. Deste modo, no ano seguinte, foi constituída uma Comissão presidida por Bernardo Viana Machado Mendes de Almeida, 4.º Conde de Caria (1912-1999), a partir da qual conseguiram a aquisição de um terreno no dia 31 de Março de 1956, pelo valor de 7 mil contos, através de recurso a empréstimos bancários.
O estudo urbanístico foi produzido em 1958 e, após aprovação (1963) e adjudicação da obra (1965), no dia 22 de Maio de 1966 foi lançada a primeira pedra com a presença do Cardeal Patriarca, Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977) e do Ministro das Obras Públicas, Eduardo de Arantes e Oliveira (1907-1982).
As obras decorreram entre 1966 e 1970, tendo sido a igreja sido aberta ao público no dia 21 de Junho de 1970.
Quatro anos após a morte do Padre Luís Aparício, esta igreja, de que foi grande impulsionador, foi distinguida com o Prémio Valmor, entregue aos arquitectos Nuno Portas (n. 1934) e Nuno Teotónio Pereira (1922-2016), tendo sido classificada como Monumento Nacional em 2010.
Anteriormente designado Rua Particular à Rua Luciano Cordeiro, este arruamento foi renomeado Rua Padre Luís Aparício, iniciando-se na Rua Dr. Almeida Amaral e terminando na Rua Luciano Cordeiro, por Edital do Governo Civil de 18 de Setembro de 1972.

 

Bibliografia
Machado, João (2005). Igreja Paroquial de Jesus / Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

Research Center

Nova de São Mamede, Rua

Igreja Paroquial de São Mamede / Igreja de São Mamede

Arrumamento assim designado por se encontrar nas proximidades da Igreja Paroquial de São Mamede.
Esta paróquia remonta ao século XIV, tendo a sua primeira igreja sido construída em 1312 no sopé do Castelo de São Jorge, que ficou totalmente destruído aquando do Terremoto de 1755. Desaparecido o edifício, a paróquia foi transferida para São Cristóvão e, sete anos depois, para São Patrício. Estas transições chegaram ao fim por via da Carta Régia de 18 de Dezembro de 1769, que definiu que a paróquia de São Mamede ficaria provisoriamente instalada na Ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens (fundada em 1749) no Vale do Pereiro até à definição dos limites do seu território, ocorrida em 1780.
Estabelecida a sua área de abrangência, em 1782 deu-se o início da construção da nova igreja, na qual, um ano depois, e ainda numa fase preliminar de sua edificação, foi considerada a sede da paróquia. Em 1780, os limites territoriais foram alterados, configurando-se praticamente na áreia que a Freguesia de São Mamede ocupava até à da Reorganização Administrativa de Lisboa de 2012, que a agregou com as antigas freguesias de S. José e de Coração de Jesus.
Entre 1834 e 1837, a igreja foi assaltada duas vezes e, em Abril de 1839, foi necessário proceder à demolição da casa de despacho da igreja, visto que estava em vias de desabamento. O telhado estava igualmente em mau estado. A intervenção teve início em 1840. Muito embora tenha aberto aos fieis no dia e 18 de Agosto de 1861, permaneceu ainda assim com as obras ainda por concluir
Tratou-se de um extremamente processo moroso e dispendioso, que durou quase oitenta anos, e para o qual foi necessário constituir uma comissão paroquial para acelerar as obras (1846), obter um subsídio anual através do Marquês de Viana (1856) e vendidas as ruínas da Ermida de Nossa Senhora da Mãe dos Homens (1856), doações de paroquianos (como foi o caso de Jerónimo Maschatt em 1874), e.o.
Em 1903 e 1907, foram efectuados melhoramentos mo local, respectivamente, a arborização e o calcetamento do largo fronteiro à igreja.
No dia 26 de Maio de 1921, pelas quatro da madrugada, deflagrou um incêndio destruiu praticamente o edifício. De acordo com o testemunho do prior José da Silva Livramento, que habitava com a sua família no anexo da igreja, a causa do sinistro poderá ter sido uma vela acesa no altar-mor, junto da imagem de Nossa Senhora, por na altura estarem a decorrer as comemorações do mês de Maria.
Gerada a confusão, guarda nocturno, prior e paroquianos tentaram salvar os objectos de maior valor, auxiliados pelo Corpo de Bombeiros que entretanto havia acorrido ao local, mas que não conseguiu encontrar desde logo o acesso às bocas de incêndio. Os dois órgãos ficaram totalmente destruídos, mas conseguiram salvar-se sete imagens, o colar e os brincos de Nossa Senhora, não tendo sido possível resgatar a imagem do Senhor dos Passos por proibição do Comandante Baptista Ribeiro dos Bombeiros, já que aquela secção da igreja se encontrava em risco iminente de derrocada.
O incêndio foi extinto às oito da madrugada, tendo a fase de rescaldo terminado às 14 horas. Embora a igreja e a casa do prior estivessem cobertas por seguros, os valores do reembolso eram extremamente baixos.
Em 1924 iniciou-se uma substancial campanha direccionada para a reconstrução da igreja, composta por uma comissão de fundos e pela participação de D. Domingos de Sousa e Holstein Beck, 5.º Duque de Palmela (1897-1969), que financiou parcialmente a obra. O projecto foi concebido pelo arquitecto Raul Martins, tendo a nova capela, dedicada a Nossa Senhora de Fátima, sido inaugurada no dia 13 de Maio de 1927, ainda hoje existente na freguesia.
Anteriormente designado Travessa de São Mamede, este arruamento foi renomeado Rua Nova de São Mamede pelo Edital do Governo Civil de 5 de Abril de 1945, tendo o seu início no Largo de São Mamede e término na Rua do Salitre.

Bibliografia
AAVV (s.d.). Igreja Paroquial de São Mamede / Igreja de São Mamede. Sistema de Informação para o Património Arquitectónico – Convento de Santo António dos Capuchos;
AAVV (1950-1972). História dos mosteiros, conventos e casas religiosas de Lisboa na qual se dá notícia da fundação e fundadores das instituições religiosas. Lisboa: Câmara Municipal;
AAVV (1921). “A egreja de S. Mamede destruída por um violento incêndio” in A Capital, n.º 3791,11.º ano, Lisboa – Quinta-feira, 26 de Maio de 1921
Azevedo, Carlos de Moreira (dir.) (2000). Dicionário de História Religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores;
Macedo, Luís Pastor, Ficheiro Toponímico. Lisboa: Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Nogueira e Sousa, Rua

O estudo da Toponímia constitui um desafio cuja dificuldade varia de acordo com as fontes disponíveis, aliás, como qualquer processo de de investigação. Para garantir a validação e objectividade dos nossos textos, o cruzamento de dados é uma condição sine qua non, evitando desde logo especulações e rumores sobre possíveis origens de cada topónimo, exceptuando-se eventuais lendas ou contos decorrentes da tradição oral e escrita.
Nos casos em que não existem fontes primárias, documentais, consideramos que a designação do arruamento e o seu simbolismo se encontram diluídos no tempo, cabendo-nos persistir na busca de novos dados.
No caso deste arruamento, sabemos que, de acordo com o Departamento de Toponímia da Câmara Municipal de Lisboa, Nogueira e Sousa foi um filantropo que deixou legados à Misericórdia de Lisboa, ao *Hospital de São José e ao Albergue dos Inválidos do Comércio.

Bibliografia
Rua Nogueira e Sousa (s.d.). Departamento de Toponímia da Câmara Municipal de Lisboa

Mouzinho da Silveira, Rua

José Xavier Mouzinho da Silveira (n. Castelo de Vide, 12 Jul. 1780; m. Lisboa, 4 Abr. 1849). Político, jurista, jurisconsulto.

Filho de D. Domingas Angélica Mouzinho Subtil (n. c. 1750) e do Dr. Francisco Xavier Gomilde (c. 1750-1799), médico do Hospital da Praça de Castelo de Vide, uma família de abastados proprietários rurais. De entre o seu vasto património contava-se uma herdade no Crato, doze tapadas em Marvão, uma propriedade com águas termais na Fadagosa, uma quinta em Portagem, fazendas em Alpanhão e vários terrenos em Machoquinho, Patameiro e Mourela. Recebia uma renda de 1600 reis com uma periodicidade mensal por ser fidalgo da Casa Real, mercê que lhe foi atribuída pelo Rei D. João VI (1767-1826) em 1825.
Deslocou-se para o Porto onde se concluiu o Curso de Leis no dia 10 de Julho de 1802, tendo sido nomeado Juiz de Fora em Marvão no dia 1 de Março de 1810 e em Setúbal, no dia 29 de Maio de 1813, Provedor da Comarca em Portalegre no dia 19 de Fevereiro de 1820.
Em 1821, assumiu o cargo de administrador das Alfândegas e Ministro da Fazenda dois anos depois. Em 1824 foi preso no contexto da Abrilada, tendo partido para o exílio em Paris entre 1828 e 1832). Participou nessa cidade nas Conferências Financeiras de Londres (1831), até ter retornado a Portugal em Fevereiro de 1832, tendo assumido novamente a pasta de Ministro da Fazenda e a da Justiça (interinamente). Relativamente à sua prestação durante este período, Almeida Garrett (1799-1854) foi peremptório quando afirmou:
“Mouzinho pensava no futuro, e pela boca do Príncipe, cuja confiança alcançara, dava leis ao porvir. Seja qual for o ponto de vista de que se considerem, forme-se o conceito que se formar delas, é inquestionável que as leis de 16 de Maio, de 30 de Maio e de 13 de Agosto de 1832 são um grande monumento, são o termo onde verdadeiramente acaba o velho Portugal e de onde começa o novo”

Retirou-se para Paris e para Londres durante a Guerra Civil (1832-1834), tendo regressado a Lisboa na sequência da vitória das forças liberais, onde foi nomeado Deputado e Director das Alfândegas do Sul, em 1835. No contexto da Revolução de Setembro, em 1836 voltou para Paris, retornando a Lisboa em 1839 para exercer novamente o cargo de Deputado. Um ano depois desistiu das lides políticas para se dedicar em exclusivo aos seus negócios, tendo falecido na casa do seu amigo e testamenteiro José Avelino de Costa Amaral.
A sua acção enquanto legislador revelou-se de extrema relevância nas áreas da Fiscalidade e da Justiça. Redigiu trinta decretos, que foram promulgados nos Açores e no Porto, todos eles integralmente inspirados nos princípios fundamentais do Liberalismo: inviolabilidade da propriedade privada, a liberdade individual e a libertação da terra das sujeições senhoriais. Neste contexto, libertou a terra e o trabalho, através da abolição dos dízimos e dos direitos reais, revogando desse modo os monopólios e a cobrança de impostos.
Designado Rua Mouzinho da Silveira pela Deliberação Camarária de 6 de Maio de 1882, este arruamento inicia-se na Rua Barata Salgueiro e termina na Rua Braamcamp.


Bibliografia
Brandão, Maria de Fátima; Feijó, Rui Graça (1980). “O discurso reformador de Mousinho da Silveira” in Análise Social, vol. XVI (61-62). Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, pp. 237-258;
Sá, Victor de (1984). “Nota sobre Mousinho da Silveira” in Revista da Faculdade de Letras: História 01. Porto: Universidade do Porto, Faculdade de Letras, pp. 203-210.