A Gina
Maria Georgina Lopes Alves Pinto conhece o Parque Mayer há quase 50 anos, desde a altura em que este “era um mundo” de teatros e luzes da ribalta.
Natural de uma aldeia nos Trás-os-Montes, Maria Georgina, veio para Lisboa “com 22 ou 23 anos, já nem sei. Perdi a conta. Vim para aqui, casei-me e fiquei cá”.
Hoje em dia, é mais conhecida como Gina, por causa do restaurante. “O tio do meu ex-marido tinha este restaurante e mais tarde ficámos com ele”. Desde então, nunca abandonou o Parque Mayer. “Conheço o Parque Mayer quase há 50 anos. Na altura tinha quatro teatros, era como a Feira Popular. Tinha Boxe, 13 restaurantes… O Parque Mayer era um mundo”.
Sendo um mundo muitos eram os atores e as atrizes que acabavam por passar pelo seu restaurante. “Ainda me lembro do Ribeirinho. A mulher do Ribeirinho pedia quase sempre iscas. O Ribeirinho era bitoque. Santana, Varela Silva, Vasco Morgado, Laura Alves… Todos os artistas passaram aqui pelo restaurante”.
E no lugar onde antes se encontravam 13 restaurantes, “A Gina” foi o único que sobreviveu ao teste do tempo. “Fiquei porque não quis dinheiro. Não quis negociar, os outros todos quiseram negociar. [Fi-lo a] pensar no futuro dos meus filhos. Está aqui a minha vida. Neste momento o meu filho e a minha neta estão a dar mais continuidade ao negócio”.
Após tantos anos de serviço, Maria Georgina ainda gosta de estar no restaurante. “Trabalho onde calha. Agora estou mais a controlar as coisas: vou ao balcão, à cozinha… Ajudo naquilo que posso”.