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Na Rua Nova de São Mamede, existe um edifício que trilha um caminho discreto, há 52 anos, ao lado de quem mais precisa - o Centro Social Paroquial de São Mamede ( Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS)) .

O princípio

Foi em 1971 que tudo começou, numa parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Oficialmente, os Estatutos só seriam aprovados dois anos depois, em 1973, mas a missão — essa — já estava bem clara desde o início: apoiar a comunidade com serviços de resposta social de qualidade.

Na década de 70, o tempo das crianças da Freguesia eram preenchidos ali, com atividades de tempos livres, asseguradas por quem entendia a importância de um lugar seguro, calmo e afetuoso fora de casa.

Mais tarde, em 1985, o Centro de Dia viria a ganhar contornos oficiais, e no ano seguinte nasceria o Serviço de Apoio Domiciliário. A lógica era simples: assegurar diariamente o bem-estar de idosos com incapacidades, para que possam viver com dignidade e independência. 

Já em 2004, surgia a Creche, pensada para crianças dos 4 meses aos 3 anos. Um espaço onde o tempo não se mede apenas em horas, mas em gestos de cuidado, em rotinas partilhadas e em ligações que duram muito para lá do ano letivo.

Este ano, foi assinado Acordo de Cooperação com a Segurança Social para as respostas sociais já existentes.

Atualmente, o Centro possui três respostas sociais ativas — Creche, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). Ao todo, são 22 colaboradores e 7 voluntários que asseguram diariamente o funcionamento de um espaço que acolhe crianças e idosos, com os olhos postos no bem-estar, na inclusão e na autonomia de cada um.

Um centro com três rostos

Na Creche, o foco está no desenvolvimento pessoal e social de cada criança. Está na comunicação e expressão — da linguagem à música, da motricidade à criatividade — e no conhecimento do mundo. Tudo isto, com um olhar atento à fé que inspira o Centro e os seus valores: equidade, diálogo, inovação e transparência, orientado pelos princípios do Evangelho.

O Centro de Dia, por sua vez, oferece refeições, cuidados de saúde, atividades culturais e de estimulação cognitiva, apoio psicossocial, serviços domiciliários e de transporte, em função das necessidades de cada utente. Mas oferece também outra coisa, menos mensurável, mais vital: a sensação de pertença, o conforto de viver com significado e dignidade. A certeza de que há sempre alguém a quem contar como foi o dia.

Já o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) leva tudo isso até à porta de quem não pode sair. Refeições adequadas, higiene, tratamento de roupa, limpezas, compras, companhia. E quando possível, os utentes do SAD são também convidados a participar nas dinâmicas do Centro de Dia — porque o envelhecimento não deve ser um sinónimo de isolamento.

O que se promove, mais do que serviços, é dignidade. Um envelhecimento com significado. Uma infância acompanhada.

O tempo passa, o cuidado fica

A história do Centro Social Paroquial de São Mamede não se conta de uma vez só. Conta-se de manhãs a servir almoços, de mãos que lavam outras mãos, de crianças que brincam entre passos apressados, de visitas que não deixam ninguém esquecido.

Hoje, o Centro continua a agir com a consciência de que cuidar é um ato profundamente humano. E que a comunidade — qualquer comunidade — só se constrói quando se cuida.