Comércio

Estamos na Rua do Arco a São Mamede, na porta número 99 onde os cestos de verga, alguns bancos de madeira nos indicam que estamos perante uma loja de artesanato.

“O que podem encontrar aqui são peças de artesanato de verga, bambú, peças em madeira, restauros de palhinhas dos fundos das cadeiras. Tudo relacionado ao artesanato.” Explicação de António Tavares, de 67 anos, natural da aldeia de Seixo Amarelo, concelho da Guarda.

Começou nesta arte com 10 anos numa fábrica da sua aldeia natal e desde então nunca mais parou. “Aos 14 anos vim para Lisboa ajudar o meu irmão mais velho que já trabalhava numa loja do mesmo ramo”.

O gosto foi de tal forma que criou o seu próprio negócio: “Móveis de S. Mamede” e há 42 anos que passa os seus dias entre artigos de cestaria na nossa freguesia. “Estou sempre a fazer alguma coisa ou a reparar algo. Quando o negócio está mais parado ocupo a mente a ler. Gosto muito de Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, José Saramago”.

Quando questionado com o que mais aprecia na sua profissão afirma emocionado que “Chega-se a um ponto que a gente gosta da profissão como um amor próprio, faz parte da nossa vida, já nascemos dentro dela. Por exemplo, um fim de semana maior já sentimos falta de fazer qualquer coisa. Cria-se uma amizade com a própria profissão”.

Ao seu lado tem a sua mulher, Rosa Tavares, que tem sido o seu braço direito neste negócio que já conheceu melhores dias. “Esperamos melhores dias, tem sido difícil manter a porta aberta. Há pouca população, com a pandemia o turismo diminuiu e a abertura de grandes centros, vieram prejudicar o negócio. Nós temos qualidade, mas não temos preços”.

Apesar da concorrência e da dificuldade, António Tavares lembra-nos que uma porta aberta é sempre uma “porta amiga”. “Há pessoas que conheço quando ainda eram crianças e que vinham aqui à loja pelas mãos dos pais ou avós. E ajudei muitas pessoas que não podiam sair de casa”.

Uma loja que merece a sua visita.